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Por Alysson Cardinali (19/03/2022)

Maurício Tarouca: a consagração de um craque

Olá, amigos e amigas, tudo bem? Quanto tempo, hein... Há pouco mais de quatro meses, escrevi minha última coluna aqui, no Mundo Botonista, e, após o intervalo regulamentar proposto pelo parceiro Jeferson Carvalho, retorno, em 2022, com algumas novidades que gostaria de compartilhar com vocês. A primeira delas diz respeito à minha trajetória no nosso querido esporte: tive a honra de ser convidado por outro grande camarada, o competente vascaíno Renato Oliveira, VP do dadinho na Federação de Futebol de Mesa do Rio de Janeiro (Fefumerj), para assumir a função de diretor de comunicação da entidade, o que muito me orgulha e satisfaz. Afinal, a meta é divulgar, sempre, o futebol de botão e os craques da modalidade. 


Por falar em craques, minha segunda novidade resvala neste quesito. Embora eu esteja longe de ser um ás das mesas, senti a felicidade de disputar minhas primeiras competições como atleta federado, vestindo o Manto Esmeraldino da Liga dos Amigos de Futebol de Mesa (Lafume), equipe debutante no Campeonato Carioca, nas categorias individual e por equipes. Na Copa José Alexandre, primeira etapa da temporada, em fevereiro, tive desempenho satisfatório e me classifiquei para a Série Ouro. Nas duas etapas de equipes até o momento, dei minha contribuição para deixar a Lafume em condições de seguir na briga pelo título estadual.


Tais novidades, porém, são apenas uma breve introdução para o assunto que realmente interessa. Afinal, jornalista não gosta (ou não deveria gostar) de ser notícia. Os holofotes têm de estar sempre voltados para a informação e para os verdadeiros astros das mesas. Dito isto, apresento a vocês, com muita satisfação, a mais nova revelação do futebol de mesa carioca: o "Pequeno Polegar" Maurício Tarouca, de apenas 1,66 metro de estatura, mas um gigante com a palheta nas mãos e um cara excepcional, que encarna o verdadeiro significado do espírito e do amor à arte de jogar botão.


Mas por que reverenciar este atleta do Vasco, que se federou no começo de 2019 e, devido à pandemia, só agora conseguiu mostrar todo o seu potencial? Porque Tarouca, em sua primeira competição oficial, desbancou os atletas consagrados do dadinho e conquistou, de forma invicta, o título da Copa José Alexandre, outro expoente do botonismo carioca, vítima de Covid-19, e que deu nome à primeira etapa da temporada 2022. De promessa à realidade, Tarouca, exemplo de perseverança, faturou o troféu após emocionante finalíssima, decidida a nove segundos do fim, contra outro craque, Roberto Adriano, da Lafume, em um 3 a 3 de arrepiar. Com a palavra, o pequeno polegar, que ergueu o troféu após oito vitórias e quatro empates em 12 jogos.




Como você define sua conquista?

Com um sentimento muito especial. Você ser campeão de uma competição com tantos atletas de ponta e pelo seu time de coração é um sentimento quase inexplicável. Ver seus companheiros de clube torcendo por você, te incentivando, dá uma força muito grande para superar as adversidades. Não saí de casa falando que seria campeão. Na verdade, eu nem pensei nisso, mas queria é ficar entre os 48 (de 105 atletas) para jogar a Série Ouro. Só que joguei focado, determinado, e peguei confiança jogo a jogo para chegar ao título. 


Realmente você ficou bem emocionado após a finalíssima.

Sim. Fiquei muito feliz também pela repercussão não só entre os meus companheiros de Vasco, mas com a reação dos atletas de outros clubes. Eu vi a felicidade deles com a minha conquista. Ninguém realmente esperava, por eu ser novo no circuito. Saiu daquela rotina de serem sempre os mesmos a ganhar, jogadores mais tarimbados. Com isso, o pessoal se identificou muito com o meu título. Isso me surpreendeu. A manifestação deles foi positiva demais, recebi muitas mensagens de apoio e felicitações. 


Qual foi o jogo mais marcante?

Foi o que fiz contra João Carlos (Botafogo), no segundo mata-mata, pois foi um resultado que me deu mais confiança para desenvolver meu jogo. Me classifiquei bem na primeira fase (seis vitórias e um empate) e tinha a vantagem do empate, mas ele fez 2 a 0 em poucos minutos, o que me obrigou a manter o foco. Eu sabia que tinha condições de reverter o placar, mas foi bem difícil. O João é experiente, cadenciou o jogo e segurou a vantagem até o intervalo. No segundo tempo, porém, com calma, virei o placar para 3 a 2. Esse jogo foi o que mais exigiu de mim na parte emocional, na concentração para não perder o foco. Não desisti nunca e venci.


E a final para cardíaco? Como foi o duelo com Adriano?

Primeiro foi uma felicidade fazer a final com ele, um cara sensacional. Realmente foi um jogo para cardíaco. O Adriano fez 1 a 0, eu virei para 2 a 1, e ele fez 3 a 2, mas mantive a calma, a confiança de que eu conseguiria empatar. Consegui o terceiro gol em uma rebatida na trave, com três toques para concluir, a nove segundos do fim da decisão. Eu realmente estava muito confiante, pois havia passado por outros grandes jogadores, como Ronald Neri (Flamengo), um grande campeão, depois passei pelo Victor Praça (América), outro jogador maravilhoso. Na final, eu estava muito confiante. Esse jogo vai ficar marcado eternamente para mim. 


Que lição você tira deste seu primeiro título como federado?

De que a gente tem que jogar tranquilo, sem a obrigação de ter que ganhar. Eu ainda tenho o futebol de botão como um divertimento, um lazer, um escape para o dia a dia corrido. A maior lição é essa: jogar com comprometimento, mas se divertindo, sem se pressionar pelos resultados. O importante é fazer e manter as amizades. Treinar também é importante, mas nunca por obrigação. Eu não treino para ganhar, mas para me divertir. Com os treinos, porém, você desenvolve seu jogo e fica melhor preparado e confiante. Mas sempre por prazer. 

 

Se voltarmos no tempo, desde quando você voltou ao futebol de botão, como avalia seu crescimento?

Embora muita gente ache que foi meteórico, não foi. Eu comecei a jogar em 2018, quando voltei a praticar o esporte, por divertimento, na loja Botão FC, do amigo Ricardo Baruque, e fui evoluindo, mas perdia muito no começo. Só que, ganhando ou perdendo, eu queria estar ali, brincando. Então, toda semana eu estava lá, onde fui construindo amizades e dando as minhas palhetadas, regadas à cerveja (risos). Aquilo virou uma distração. Com o tempo, porém, peguei as malícias do botão, os macetes e fui aprimorando meu jogo. Aí, as vitórias começaram a vir naturalmente. Depois, fui convidado para jogar em ligas amadoras, como a Dinossauros, e evoluindo naturalmente. Tempos depois, veio o convite para jogar no Vasco, mas sem me federar, pois tinha a visão de que o compromisso teria de ser ainda maior para um “amador”. Eu só queria brincar. Mas vi que ser federado é uma função flexível. Como estava em um nível legal, decidi contribuir com meu time do coração. 


O que espera do restante da temporada? Vêm mais conquistas por aí?

Vou continuar jogando confiante. Mas tem muita gente na minha frente, um pessoal com mais experiência e talento. Não tenho a expectativa de ser campeão estadual, mas em continuar jogando e me divertindo. Vou tentar chegar o mais longe possível, só que sempre jogando com prazer e sem cobranças. Jogar treinado, focado e concentrado, mas o resultado não é o mais importante. 


Você é um exemplo de dedicação e humildade, que recado deixa para quem está começando no esporte?

De que os resultados realmente só vêm com treino e dedicação. Mas naturalmente, sem obrigação. Quando for treinar, o ideal é não chutar por chutar, mas observar o posicionamento do dadinho, da palheta, pegar os macetes, aprimorar seu jogo. Tem que treinar com objetivo, perseverar. Aí seu jogo evolui. Treinos táticos, pensados. Não treinar por treinar. Saber como preparar o goleiro, como chutar a gol. Treinando e jogando com frequência, seu jogo evolui naturalmente. Hoje tem muita gente boa começando, que é inteligente, se dedica, observa os jogadores mais experientes. O nível está muito bom. 


Como lida com o fato de ser a maior revelação do futebol de mesa atualmente no dadinho?

Muda um pouco a forma como o adversário vem te enfrentar. O pessoal se preocupa em te marcar mais, joga mais focado, mas concentrado. Mas isso é natural. As pessoas veem o meu jogo como algo diferente, mas para mim não muda nada. Cada jogo é um jogo e ainda tenho muita coisa a melhorar. Mas é legal passar um pouco do nosso conhecimento também e ajudar quem está começando. 


O que acha do apelido Pequeno Polegar? A estatura baixa te atrapalha para jogar? Teve de fazer alguma adaptação nos jogos?

Foi o Fabiano (narrador do jogos) que criou (risos). É que quase sempre que vou chutar, fico com meu polegar da mão direita estendido. Ele reparou isso e criou o apelido. Mas levo de boa. Tenho 1,66 metro e tenho que ficar na ponta do pé e esticado na mesa nas jogadas centralizadas perto do gol adversário. Atrapalha um pouco. Se eu tivesse mais uns dez centímetros ajudaria (risos). Mas eu me adaptei bem a isso. Estico bem o corpo e tento chutar com o tronco reto ao dadinho. Não fiz adaptação, embora seja um pouco mais trabalhoso, pela falta da altura. Nada, porém, que tire meu prazer de jogar botão.

Biblioteca de "Planeta Dadinho"
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Nascido em Nova Friburgo (RJ), mas morando há quase 30 anos na cidade do Rio de Janeiro, o jornalista esportivo Alysson Cardinali, com passagens pelos jornais O Fluminense, Jornal dos Sports, O Dia e revistas Placar e Invicto, além do canal SporTV, é um apaixonado não só pela profissão, mas pelo futebol de botão. Praticante da modalidade dadinho, Alysson, de 49 anos, é federado pela Liga dos Amigos de Futebol de Mesa (Lafume) e, além de disputar as competições oficiais pelo Brasil, pretende divulgar o esporte e angariar cada vez mais praticantes para perpetuar o futebol de botão entre as futuras gerações.

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cardinali@mundobotonista.com.br


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