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MUNDO BOTONISTA
Planeta Dadinho

Por Alysson Cardinali (26/10/2024)

Brasileirão 2024:

Uma agradável prova de resistência

Quem aqui – sim, falo diretamente com você, leitor(a) – já correu uma maratona e percorreu seus 42,195 quilômetros? Quem aqui já escalou o Monte Everest, a montanha mais alta do mundo, e enfrentou seus 8.849 metros? Quem aqui já competiu em uma prova de mergulho livre em apneia, cujo recorde mundial pertence ao russo Alexei Molchanov, que submergiu 125 metros, sem auxílio de oxigênio, no mar da ilha francesa da Córsega? Quem aqui disputou o 15º Campeonato Brasileiro Individual de futebol de mesa na regra Dadinho 9 x 3, em outubro, no Rio de Janeiro?

Calma, leitor (a), não estou alcoolizado. Nem maluco. Muito menos consumi alguma substância alucinógena ilícita. Tais questões, em um primeiro momento, podem parecer sem nexo. As comparações com o nosso esporte predileto, admito, soam esdrúxulas, talvez estapafúrdias. Mas deixem que eu me explique. Afinal, fui um dos 192 destemidos botonistas que tiveram a coragem – e o privilégio – de competir no maior e mais grandioso Brasileiro da história da regra Dadinho não só em quantidade de jogos, mas em relação à qualidade dos participantes de 12 estados do país.

O elevado nível dos competidores, bem como a necessidade de se superar para vencer os adversários, lidando com questões técnicas, físicas ou emocionais, acredite, podem ser comparadas ao esforço hercúleo de um maratonista, um alpinista ou um mergulhador na busca por marcas e recordes. Nas mesas, as expectativas eram por (muitos) gols, vitórias e um bom rendimento, com direito a uma classificação final que atendesse às expectativas de cada participante. Um esforço inebriante e prazeroso, mas, ao mesmo tempo, desgastante e desafiador.

Dividida em dois dias, a rotina de jogos do Brasileirão pode ser comparada ao curso para ingressar no Batalhão de Operações Especiais, o Bope, que ficou famoso no filme Tropa de Elite: era tiro, porrada e bomba a cada 14 minutos, em busca dos três pontos e da melhor colocação dentro de cada grupo. No sábado, já que missão dada é missão cumprida, a ordem era tentar um lugar que levasse às Séries Ouro/Prata (a elite da tropa) ou às Séries Bronze/Extra. É verdade que ninguém morreu de véspera, e, no dia seguinte, todos estavam novamente equipados com seus uniformes e com os times prontos para novas batalhas.

Embora ninguém tenha sido submetido a exaustivas provas de resistência física, é fato que, no domingo, o cansaço dos desgastantes jogos da véspera cobrou seu preço para a maioria dos pretendentes ao título de campeão brasileiro – fosse em qualquer categoria. Nada, porém, de bater em retirada. Pelo menos enquanto existissem chances matemáticas de seguir vivo na luta. Definida a classificação dos jogadores de cada serie específica, vieram os jogos eliminatórios, nos quais era matar ou morrer na praia (embora não estivéssemos em Omaha no Dia D). 

Era chegado o momento no qual, além da técnica apurada e do esmero para fazer a melhor jogada, o sangue frio e a adrenalina separavam os homens dos meninos. Concentração máxima, respiração cadenciada e força para não cair, mesmo que, na mesa ao lado, você visse seu parceiro de time tombar. Duas fases (16 avos de final e oitavas de final)! Dois fatídicos jogos! Quem sobrevivesse a estas duras batalhas, não estaria em Berlim, mas, ao menos, chegaria vivo ao final da guerra e garantiria uma honrosa presença no pódio.

Posso dizer que eu sobrevivi às agruras de meu segundo Brasileiro como botonista federado, e, após 26 batalhas, entre vitórias e derrotas, voltei são e salvo para casa com um inédito troféu de oitavo lugar na Série Extra, defendendo o São Cristóvão. Um espólio de guerra que ficará muito bem guardado em minha estante. Nada, porém, que se compare ao Dia da Vitória do querido amigo e guerreiro Paulinho Quartarone, do Fluminense, que, corajosa e merecidamente, foi o grande campeão, de forma inédita, da Série Ouro do 15º Campeonato Brasileiro de futebol de mesa.   

Assim como Quartarone – e eu, obviamente – os campeões das Séries Prata, Bronze e Extra, tais quais veteranos de guerra, também tem muito o que celebrar: Washington (Duque de Caxias/RJ), Oliveira (Vasco/RJ) e Rafael Moreira (Ceará/CE), respectivamente. Ano que vem, em Porto Alegre, teremos novas batalhas, novos desafios e outra excelente oportunidade de praticar o nosso querido futebol de mesa na companhia não de inimigos (o clima bélico da coluna é apenas ilustrativo, ok?), mas de amigos que são adversários apenas nas mesas. O que vale é a convivência e a harmonia, mesmo que entre quase 200 botonistas de vários cantos do país. Até lá! 

  • Série Ouro

    1º Paulo Quartarone (Fluminense/RJ)

    2º Belga (Flamengo/RJ)

    3º Maia Jr (Fluminense/RJ)

    4º Jose Augusto (America/RJ)

    5º Marcus Flávio (Flamengo/RJ)

    6º João Paulo (Eldorado/MG)

    7º Vinícius Esteves (Friburguense/RJ)

    8º Rodrigo Bandini (Fluminense/RJ)

  • Série Prata

    1º Washington (Duque de Caxias/RJ)

    2º Bruno Romar (River/RJ)

    3º Capela (Avaí/SC)

    4º Matoso (River/RJ)

    5º Magalhães (Flamengo/RJ)

    6º Eduardo Rocha (Vasco/RJ)

    7º Clovis Silveira (Continente/SC)

    8º Leo Bento (Flamengo/RJ) 

  • Série Bronze

    1º Oliveira (Vasco/RJ)

    2º Valcy (Olaria/RJ)

    3º Moises (Fluminense/RJ)

    4º Cesar (Dobermans/RJ)

    5º Regis (America/RJ)

    6º Jorge Henrique (Liga Fonte/RJ) 

    7º Arthur (Light/RJ)

    8º Betinho (Eldorado/MG)

  • Série Extra

    1º Rafael Moreira (Ceará/CE)

    2º Ricardo Soares (Magnólia/MG)

    3º Rafael Mello (Liga Fonte/RJ)

    4º Belfort (São Cristóvão/RJ)

    5º Renato Ventura (Benfica/MG)

    6º Claudio Pinho (Light/RJ)

    7º Rogério (Futrica/MG)

    8º Alysson (São Cristóvão/RJ)

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Nascido em Nova Friburgo (RJ) em 1971, mas morando há mais de 30 anos na cidade do Rio de Janeiro, o jornalista esportivo Alysson Cardinali, com passagens pelos jornais O Fluminense, Jornal dos Sports, O Dia e Expresso (Infoglobo), revistas Placar e Invicto, além do canal SporTV, é um apaixonado não só pela profissão, mas pelo futebol de botão. Praticante da modalidade dadinho, Alysson é atleta federado, pelo São Cristóvão Futebol e Regatas, na Federação de Futebol de Mesa do Rio de Janeiro (Fefumerj) e, além de disputar as competições oficiais pelo Brasil, pretende divulgar o esporte e angariar cada vez mais praticantes para perpetuar o futebol de botão entre as futuras gerações.

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cardinali@mundobotonista.com.br

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