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MUNDO BOTONISTA

Por Luiz Oliveira (08/07/2023)

E você, sabe ganhar?

Nos últimos meses tenho me aproximado mais do tênis. Não jogo e nem pretendo jogar, mas existem semelhanças entre este esporte e o futebol de mesa e gosto de relacionar as experiências de atletas às minhas como botonista. É um exercício bem interessante.
 
Assistindo à série Break Point, que conta a jornada de alguns tenistas durante a temporada de 2022, percebi que o foco estava na exploração dos aspectos psicológicos dos atletas e a cada episódio surgiam falas como: fulano "mudou e entrou no ritmo da partida" ou "existe um silêncio muito grande quando você está focado".


Em uma liga que vale milhares de dólares por rodada vencida, os despreparados não passam nem na porta e os exemplos acima não soam como movimentos fundamentais do esporte que se treina no dia a dia. São aspectos psicológicos que ajudam ou atrapalham a execução bem feita de tudo aquilo que se treinou por horas na quadra.
 
Assim como no tênis, o futebol de mesa te coloca na bagagem de volta de cada torneio uma série de novas necessidades para que você cresça e seja melhor na etapa seguinte. Por isso, resolvi compartilhar uma história pessoal. Certa vez, o
loser que aqui escreve foi finalista em um Challenger da Federação Paulista de Futebol de Mesa. Eram mais de 20 botonistas divididos em 3 grupos, sendo que se classificariam os líderes e o melhor segundo colocado para a semi-final.


Me dei conta que estava brigando pela liderança num confronto direto da penúltima rodada. Apesar de muitos erros dos 2 lados, eu tinha uma paz interior que me dava a certeza da vitória. Algo um tanto inexplicável. À medida que o silêncio interno se intensificava, mais eu conseguia me organizar para concluir aquilo que eu precisava. Parecia mágica. Melhorei na partida e construí o resultado que me levaria à ponta da tabela. Me classifiquei.


Durante a semi-final, sem vantagem de empate e contra um adversário dificílimo, não conseguia acessar esse lugar de paz novamente. Coloquei tudo a perder durante a partida por várias vezes e a cada erro, uma nova carga nas costas. O jogo sempre tenso me fez comemorar a final após a campainha, em um erro do meu adversário. Agora eu era o finalista!  


Chegou a final e, com ela, uma ligeira sensação de que eu não sabia o que estava fazendo ali. A cada saída de bola uma nova percepção de que eu não estava suficientemente treinado, de que não sabia mais fazer coisas básicas e que nunca mais acertaria uma jogada, tampouco faria o gol. Foram minutos de sofrimento brigando para passar por cima de tudo isso. Sem sucesso, resolvi aceitar que estava passando por um vexame daqueles.


Tive vergonha de dizer que fui finalista para tomar um sonoro 7x0. Na minha cabeça ecoava que cheguei ali na sorte, que não tinha nem roupa para estar na final ou que era melhor não ter ocupado a vaga de alguém com mais possibilidades de disputa. Vergonha de ser um finalista na minha primeira temporada. Eu, o loser. O cara que fala abertamente da derrota.


Voltei para casa um pouco mais calmo, menos envergonhado e apto a entender que existia um ritmo de jogo que eu deveria aprender a mudar, que também existe um lugar de paz no meio da tensão que te ajuda a enxergar melhor as coisas. Que muita gente joga há anos e nunca chegou em qualquer final. Que vergonha mesmo seria não aproveitar para me preparar mais e melhor.


Essa pequena passagem da minha vida como botonista me fez olhar para o fato de que construir o caminho para a vitória num torneio é, de certa forma, estruturar na própria cabeça que você também pode vencer. 

Luiz Oliveira é jogador de 12 toques e membro da diretoria do TMJ/SP. É designer, trabalha com tecnologia e se empolga com facilidade ao ver estratégias bem feitas e análises de dados. Palmeirense desde sempre, professor universitário durante 7 anos, baixista e dj por diversão, além de ser um eterno estudante que está sempre atrás de algo novo para se aprofundar..

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luiz_oliveira@mundobotonista.com.br
(011) 98757-0035

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