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Alexandre Sávio Tiné Raposo, administrador de empresas, jornalista e radialista da Rádio Mosaico Esportivo na equipe Recife. Pentinho, como é conhecido no meio do futebol de mesa da regra 12 toques, produz reportagens esportivas e destaca-se nas coletivas de imprensa. No botonismo, tem orgulho de ser um dos fundadores do departamento de futebol de mesa do Sport Club do Recife em 2010. Departamento do qual faz parte o seu homenageado neste editorial exclusivo para o painel do leitor. 

E o Brasil descobriu Djalma

Por Alexandre Raposo (14/09/2025)

Foi em 1955 que Djalma Lima da Costa, esse cidadão boa praça, com um coração do tamanho do mundo, nasceu. No nascimento, ao invés de chorar, deve ter gritado "Coloca!", pois é assim que a maioria de nós, aqui no Nordeste, avisa quando vai chutar ao gol. Quando meu pai, Marcilio Rapozo (com 15 anos), chegou à rua Heitor Maia, no bairro de Casa Amarela em Recife, ele era apenas um recém-nascido. A amizade das famílias, à medida que o tempo passou, cresceu. Djalma e meu pai se tornaram grandes amigos, meus pais se casaram e lá estava ele no casamento, garoto ainda. Um ano e pouco depois eu nascia, e minha memória registrou muito claramente o que eu assistia, ou seja, Djalma e meu pai jogando. O que eu não sabia era que, naquele momento, se iniciava um aprendizado que iria me dar a base que tenho hoje jogando com um pente, em vez de uma palheta, como papai jogava.

Como na época não se tinha mesas nos tamanhos de hoje, Djalma e meu pai resolveram fabricar uma e fizeram como manda o figurino. Após a confecção da mesa, que ganhou quase um medidor de quilometragem... jogos e mais jogos, campeonatos na rua, na garagem do nosso prédio, eles jogavam muito, usavam botões de chifre de boi, bolinha feita de barbante, daqueles que amarravam no pacote de pão, goleiro de madeira e a tradicional regra “leva leva”. Chegou 1976 e minha família se mudou em definitivo para o Rio de Janeiro. Foram 24 anos fora de Recife, onde as lembranças pesavam no coração. A distância pode afastar fisicamente, mas não pode destruir uma amizade sólida. No Rio, quando jogávamos, eu e papai sempre falávamos em Djalma. Não só nós, mas também meu tio Francisco Raposo (que mora no Rio atualmente) entrava nessa com a gente e gostava de jogar, mas não com nossa intensidade.

Voltamos para Recife e retomamos o que havia ficado para trás desde 1976. Contudo, a idade já começava a pegar meu pai, e só uma vez ou outra a gente se reunia na casa de Djalma para algumas peladas. Então, em 6 de junho de 2024, os amigos se separaram com o falecimento de meu pai aos 84 anos, e lá estava Djalma para a despedida de seu companheiro de tantas partidas pela vida. Outro dia, estávamos conversando sobre isso; ele foi parceiro de papai nos jogos e hoje é o meu.

No último final de semana, durante a transmissão pelo Mundo Botonista da belíssima Copa do Brasil, disputada em João Pessoa-PB, o Brasil finalmente descobriu Djalma. Aliás, vou um pouco além: o Brasil se apaixonou por esse meu amigo de toda a vida por sua atitude humilde e espontaneidade. Djalma não tem por hábito fazer longas viagens para participar de eventos nacionais, restringindo-se à disputa de competições regionais. Por isso, essa foi apenas a sua segunda participação numa Copa do Brasil (a primeira fora em Caruaru-PE há dois anos). Apesar da pouca experiência e de estar enfrentando pela primeira vez muitos dos seus competidores, Djalma alcançou o vice-campeonato na categoria Master, ficando a apenas dois pontos do grande campeão, Evandro Gomes. Dono de um estilo só dele, hábil finalizador, com um bom repertório em seu jogo, não só finalizando da intermediária, mas atacando de ambos os lados.

Como eu já disse para muitos, Djalma é minha família também, o mesmo sentimento que meu pai nutria por ele e os seus. Hoje, no auge dos seus 70 anos, a criança dentro dele está mais viva do que nunca; o amor, a satisfação e a vibração, sempre presentes, fazem parte de sua personalidade que cativa a todos. Posso afirmar que nunca o vi reclamar de nada, nem ter raiva de ninguém, fruto da criação recebida de seus pais, Dona Nicinha e seu Soares, que Deus os tenha, e seus irmãos Humberto, Irací e Evaldo. Para mim, é uma satisfação, um prazer, desfrutar da sua amizade por toda a minha vida. Que Deus o continue abençoando, a ele e à sua família, e que ele mantenha essa chama acesa por muitos anos, com esse coração alegre e bondoso.

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Breno Marques

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