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MUNDO BOTONISTA
Em Algum Lugar do Passado

Por José Ricardo Almeida (19/10/2021)

Os nossos craques.

Os nossos craques, os botões, já foram dos mais variados tipos. Alguns já serviram para fechar tubos de desodorante ou de pomadas. Outros, antes de seus dias de glórias nas mesas, exerciam a modesta função de tampa de vidro de brilhantina. Naquela época, não existiam os grandes craques da atualidade, ou seja, os botões de acrílico, madrepérola ou palaton.

Um bom time era difícil de se preparar. Exigia paciência, trabalho, perseverança e um pouco de sorte. Eram aproveitados pedaços da casca do coco, osso, chifre de boi, botões de roupas, tampas de relógios e eram lixados, moldados. Com um pouco de vela (parafina) ou talco, a palhetada saía precisa. Se não estivesse no ponto, o toque era acertado raspando-se um pouco mais, enfim, desenvolvia-se todo um espírito criador. E, às vezes, o craque não correspondia e ia descansar no banco de reservas. Cada equipe tinha seu ídolo. Eles valiam muito nas bolsas de transações. Mas as trocas eram complicadas e difíceis. Ninguém queria se desfazer dos seus "cobrões".


Atualmente, os grandes times não são comprados em lojas e sim confecionados por pessoas especializadas, verdadeiros artesãos, com todos os botões padronizados, com ou sem o distintivo do seu clube favorito, possibilitando o requinte do técnico criar o seu próprio escudo, com exclusividade. Os atuais craques devem ter um diâmetro e altura padronizados. Cada um deverá possuir na sua parte superior distintivo e numeração legível, quando se realizam as competições oficiais das associações. Esta medida visa facilitar a atuação dos árbitros na identificação dos jogadores.


Valemo-nos de alguns livros antigos de regras para contarmos um pouco da história dos nossos primeiros craques. A primeira referência que temos de como eram os botões data de 1930 e vem do primeiro livro de regras que é do conhecimento de todos, lançado por Geraldo Décourt, as “Regras Officiaes do Foot-Ball Celotex”. Lá, em seu “Artigo A”, diz: “A largura dos botões poderá ser de qualquer tamanho… A altura máxima admissível para todos os botões, sem exceção, será de 1,5 cm.”


Na década de 40, surgiu no Rio de Janeiro o livro que levou quase todo mundo a jogar futebol de botão na regra do “leva-leva”, denominado “Jogo de Botão, Regras e Táticas do Futebol de Mesa”, de Fred Mello. Na página 76 está escrito: “A altura máxima permitida a um botão para disputar uma partida é de 2,5 cm.”Na página 77 fala do diâmetro de cada botão: “O tamanho máximo da circunferência permitido a qualquer botão é de 5,5 cm.” Além dessas medidas, o livro também falava dos tipos de botões: “comuns (os mais usados), de galalite (oficiais), duplos (acavalados), de coco, de vidro e de madeira.”


Com o passar do tempo, foram aparecendo incontáveis regras diferentes, difícil dizer quantas, tão grande é a diversidade na forma de se jogar, todas elas preocupadas em definir um tamanho mínimo e um máximo para os botões. No entanto, podemos afirmar, sem medo de errar, que a década de 60 foi a do grande avanço na fabricação dos nossos craques, hoje em dia, verdadeiras obras-primas.

Biblioteca de "Em Algum Lugar do Passado"
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O baiano radicado em Brasília (DF), José Ricardo Caldas e Almeida, é adepto da modalidade 3 Toques, tendo atuado como diretor técnico e presidente da Federação Brasiliense e da CBFM 3 Toques. Sempre preocupado em arquivar a história do futebol de mesa, Zé Ricardo foi responsável pelo "K entre nós", boletim distribuído para todo o Brasil ainda na era pré-internet e, com a chegada dos computadores, passou a fazer esse mesmo tipo de trabalho em blogs e sites. Desde 2018 é o responsável pelo Museu Virtual do Futebol de Mesa (no facebook) e atualmente chefia o Núcleo de Memória e Pesquisas Históricas do Canal Mundo Botonista.

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jose_ricardo@mundobotonista.com.br
(061) 99685-3050

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