Painel do Mundo

o blog do
MUNDO BOTONISTA
Planeta Dadinho

Por Alysson Cardinali (01/11/2021)

De olho no futuro.

Imagem: Bruna Teixeira (vasco.com.br)

“Enquanto houver um coração infantil, o Vasco será imortal”. Pego emprestada a frase cunhada pelo histórico ex-presidente cruzmaltino Cyro Aranha, que montou, na década de 1940, o lendário Expresso da Vitória, não só para homenagear um dos maiores clubes do Brasil – que também possui um departamento de futmesa excepcional –, mas para entrar em um tema que muito tem a ver com o futuro de nosso querido esporte: como trazer a garotada para a prática do futebol de botão e eternizá-lo entre as futuras gerações?


Temos uma questão complexa. Afinal, a maioria dos jovens, hoje, prefere, entre outras atrações, os jogos eletrônicos, uma concorrência desleal com a prática do futebol de botão, que já foi febre nos anos 1970 e 1980. Soma-se a isso, uma preocupante coincidência, que ilustra bem a atual situação de nosso esporte. A paixão pelo dadinho (regra 9 x 3) tem sido passada de pai para filho. Literalmente. Os principais atletas da categoria Sub-18 da Federação de Futebol de Mesa do Estado do Rio de Janeiro (Fefumerj) herdaram de seus “velhos” o talento e a salutar vontade de palhetar, só que faltam mais adeptos.


Em 2020, antes da chegada da pandemia de Covid-19, que paralisou os campeonatos oficiais, a Fefumerj contava, somente, com 32 atletas federados na categoria Sub-18. Destes, apenas 18 atuavam regularmente nas competições, motivados e incentivados pela paixão paterna às mesas de botão – a etapa de novembro do Carioca de 2019 teve 11 inscritos. A de fevereiro de 2020, seis. Um quórum considerado muito baixo se comparado com as categorias adulto, máster e sênior. 

imagem: site da FEFUMERJ

São garotos talentosos, crias de verdadeiros craques das mesas, como José Augusto (Marrentinho) e João Gabriel (Bigode), filhos de João César; Gianluca, filho de JJ Oliveira; Caio, herdeiro de Wagner Esmério; Gabriel Cataldo, filho de Régis Martins; João Vitor (Salgueirinho), filho de Marco Antônio (Salgueiro); Jonathan, filho de Jonas; e Joãozinho, cujo pai é Edu Rocha, mas que nos mostram que é preciso dinamizar a divulgação da modalidade, principalmente entre a garotada. O que fazer, então, para acabar com a escassez de jovens jogadores?


“Acho que uma saída seria promover ações em escolas públicas e particulares. Pegar esses garotos federados, que defendem equipes tradicionais do futebol carioca, como Flamengo, Vasco, Fluminense, Botafogo e America, por exemplo, e levá-los, com a camisa de seus clubes, de encontro à meninada, ministrando clínicas, fazendo torneios de demonstração, colocando todo mundo para jogar e conhecer o esporte. Seria uma forma de atrair novos botonistas”, avalia JJ Oliveira, craque do America, acrescentando que a busca por parcerias com as secretarias de educação e esporte seria outra bela ação.


Na minha humilde opinião, massificar a prática do futebol de botão e voltar a popularizá-lo é o único caminho para fazer os corações infantis baterem mais forte e torná-lo, quem sabe, imortal – tal qual acreditam os vascaínos em relação ao clube do coração. Levá-lo para praças públicas e espaços abertos em shoppings é outra dica. Assim como, quem sabe, vê-lo um dia sendo transmitido em programas esportivos na televisão aberta e fechada – há de se louvar o trabalho feito atualmente nas redes sociais, com a divulgação de jogos pelo Youtube e Instagram, por exemplo. 


Sem querem criar polêmicas, desejo apenas levantar uma bola (ou dadinho) sobre a questão. É preciso unir esforços e promover um amplo debate para difundir cada vez mais a prática do futebol de botão. A Confederação Brasileira de Futebol de Mesa (CBFM) e a própria Fefumerj têm desenvolvido com sucesso iniciativas sobre o tema, mas, juntos, podemos ampliá-las para fazer o nosso esporte crescer e aparecer cada vez mais. De olho no presente, mas sempre vislumbrando um futuro de sucesso e vencedor – dentro e fora das mesas.

Biblioteca de "Planeta Dadinho"
Reler publicações anteriores de Alysson Cardinali

Nascido em Nova Friburgo (RJ), mas morando há quase 30 anos na cidade do Rio de Janeiro, o jornalista esportivo Alysson Cardinali, com passagens pelos jornais O Fluminense, Jornal dos Sports, O Dia e revistas Placar e Invicto, além do canal SporTV, é um apaixonado não só pela profissão, mas pelo futebol de botão. Praticante da modalidade dadinho, Alysson, de 49 anos, é federado pela Liga dos Amigos de Futebol de Mesa (Lafume) e, além de disputar as competições oficiais pelo Brasil, pretende divulgar o esporte e angariar cada vez mais praticantes para perpetuar o futebol de botão entre as futuras gerações.

....................................

cardinali@mundobotonista.com.br


Posts anteriores 
Por Flávio Semim 17 de abril de 2025
Notáveis
Por Jonnilson Passos 15 de abril de 2025
Botão com ciência
Por Valmar Talamo Domingues 14 de abril de 2025
Botões d'além mar
Por Alysson Cardinali 12 de abril de 2025
Planeta Dadinho
Mostrar mais